Eu vinha de comprar fósforos
e uns olhos de mulher feita
olhos de menos idade que a sua
não deixavam acender-me o cigarro.
Eu era eureka para aqueles olhos.
Entre mim e ela passava gente como se não passasse
e ela não podia ficar parada
nem eu vê-la sumir-se.
Retive a sua silhueta
para não perder-me daqueles olhos que me levavam espetado.
E eu tenho visto olhos!
Mas nenhuns que me vissem
nenhuns para quem eu fosse um achado existir
para quem eu lhes acertasse lá na sua ideia
olhos como agulhas de despertar
como íman de atrair-me vivo
olhos para mim!
Quanto havia mais luz
a luz tornava-me quase real o seu corpo
e apagavam-se-me os seus olhos
o mistério suspenso por um cabelo
pelo hábito deste real injusto
tinha de pôr mais distância entre ela e mim
para acender outra vez aqueles olhos
que talvez não fossem como eu os vi
e ainda que não fossem, que importa?
Vi o mistério!
Obrigado a ti mulher que não conheço.
Almada Negreiros
Isto acontece-me tantas vezes... Ou é apenas uma ilusão, não sei. Mas ás vezes conforta =)
Sermos descobertas por um desconhecido! É mágico, é bonito
É um caderno de linhas aberto, calmamente esperando movimentos compassados do lápis a desenhar letras, palavras, números, contas… Aprender é isso, mas felizmente que a vida é muito mais. Há coisas que se aprendem tão bem sem quase ninguém ter que ensinar e tanta coisa que se ensina que quase ninguém aprende. Ainda bem que há sempre uma certa ironia aliada da verdade, um escrever direito sobre linhas tortas, um acertar que segura e confirma, um falhar que descobre e alerta, um mal estar que lembra e desperta.
Há uma mensagem que se resume a isto: descobrir de novo a simplicidade esquecida das coisas, a harmonia secular do bom senso e, em caso de dúvida, «sê sempre tu próprio!»
O verdadeiro ensino não está só nos manuais, não se aprende soletrado em dez lições, não se compra estafado na encomenda de ocasião, nunca chega por decreto (quanto a isso, nunca). Mais força que todas as leis tem o homem e dentro dele as crianças: o poder de inverter a certeza de alguns movimentos, muitas vezes antes que o sol feche o seu círculo no céu, o contrário de uma certa tendência para pensarmos demasiado em nós próprios, o secreto entender que de altos e baixos se faz a tranquilidade.
Antes que as crianças sejam velhas demais para verem sozinhas o que há para ver ensinemos-lhes ternamente a Vida, a maior das sabedorias.
Do livro “Preciso de Ti - Perturbações psicossociais em Crianças e Adolescentes” de Pedro Strecht
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